Foi uma mulher independente, a “Hétera” mais conhecida da Grécia Antiga, em meio à sociedade patriarcal machista, e fundou posteriormente uma Escola de Filosofia, algo difícil até mesmo para os homens da época. Nesta, ela ensinava às mulheres, sendo, por isso, uma inspiração ao que atualmente denominamos de Feminismo, empoderamento da mulher e Feminilidade, causas estas contemporâneas que continuam alvos de discriminação e atraem a atenção e a luta de personalidades e grupos humanistas em favor da dignidade e desenvolvimento humanos.

Como estrangeira e mulher, ela não teria direito político-social-econômico algum em Athenas. Apesar disso, revolucionou os costumes de então como uma “Hétera”, dando seus pontos de vista com base na capacidade que portava acerca da reflexão filosófica e da oratória, da eloquência, assim como tinha conhecimentos científicos e médicos de obstetrícia, ginecologia e cirurgia, numa época em que os costumes consideravam o gênero feminino como mera prisioneira em seu lar, incapaz de pensar por si própria.

Desta forma, a sábia comunicava-se com os homens sem se inferiorizar, tanto em ambientes públicos como em privados, como nas suas visitas à casa de Sócrates e na visita deste à sua casa, transformando-a em um ambiente cultural. Tais fatos fizeram com que Aspásia fosse admirada por sábios e governantes, porém malvista e perseguida por outros atenienses que pretendiam o poder de qualquer ordem (poder de opinião, social, político, ideológico) apenas para os 10% dos homens cidadãos, submetendo o gênero feminino.

Por conta de seu nível avançado de autonomia e sabedoria em sua interação com Sócrates, ele a declarou como sua professora, mestra de oratória, sem a qual não saberia discursar, e Péricles se tornou o governante que se apaixonou por ela e enfrentou os preconceitos da sociedade ateniense modificando as leis da cidade para legalmente se tornar seu esposo, com quem teve um filho também chamado Péricles, que se tornou general.

O grande estadista não deixou de demonstrar sua grande admiração à Aspásia, sua esposa e conselheira, com manifestações de afeto em público, diferenciando-se dos demais maridos de então e atraindo a depreciação de outros políticos que tentavam ridicularizá-lo por se deixar influenciar por “apenas” uma mulher. Ele lhe depositava confiança até para assuntos de Estado, como a elaboração de discursos políticos depois proferidos por ele mesmo, e a permissão de sua influência em assuntos de guerra. Apesar de todos estes acontecimentos beneficiarem toda a sociedade de Athenas, ela foi acusada de incitar guerras influenciando Péricles a isto, e de não acreditar na religião da cidade, o que era caso de prisão à época, tendo que responder a acusações em um julgamento público, no qual foi defendida por Sócrates e ardorosa e exaustivamente defendida por Péricles, que usou toda a sua influência para absolvê-la, alcançando o seu intento.

A vida pública de Aspásia teve como pontos de destaque o seu casamento com Péricles e, após a morte deste, com Lisykis, comerciante que, após passar por sua influência, tornou-se um homem de eloquência. Com ele Aspásia teve outro filho e, então, foi morar no campo onde fundou a sua Escola de Pensamento.

Como boa filósofa da Grécia Clássica defendeu, ainda, a tranquilidade da alma, cujo termo em grego é “ataraxia”, princípio de busca do ponto de equilíbrio em nossas almas. E, além de filósofa, professora de homens e mulheres e sábia, foi corajosa e revolucionária, pois não se deteve em viver a mensagem de sabedoria e de felicidade.

Não se sabe ao certo a data de sua morte, porém, o que importa é que ela continua viva e influente no pensamento ocidental, principalmente quando se trata dos princípios de liberdade de pensamento e expressão, de autenticidade e autonomia humanas, independentemente de preconceitos e convenções.

Aspásia de Mileto é um ícone para diversos ramos do saber e agir humanos, pois foi uma educadora por excelência, conduzindo o ser humano à sua originalidade, felicidade, tranquilidade da alma, desenvolvimento das potencialidades do seu ser e do seu modo de viver, podendo ser seguida como inspiração de sabedoria e felicidade, não só na Filosofia como na cultura em geral, a saber, na Educação, Psicologia, Espiritualidade genuína, Ciência e movimentos libertários humanistas diversos.

“Saudações” ou “Bem-vindo(a)” são os significados do nome “Aspásia”, o que nos sugere receptividade e acolhimento. Contextualizando, é um seja bem-vindo(a) dado pelo Instituto Aspásia de Mileto (I AM) aos que fizerem parte dele!